Alterações de humor, cólicas, dores no corpo e inchaço estão entre os sintomas que mais afetam as atletas no período menstrual. Para se sentirem bem e em plena forma nos Jogos Olímpicos 2012 algumas competidoras brasileiras decidiram parar de menstruar - como Joanna Maranhão, da natação, e Juliana Veloso, do salto ornamental. O trabalho foi feito com acompanhamento da ginecologista e médica do esporte Tathiana Parmigiano, de São Paulo, que integrou a equipe do Comitê Olímpico Brasileiro em Londres.

Mas a gente sabe que os incômodos menstruais não afetam somente a rotina das esportistas. E assim como nossas representantes olímpicas, muitas mulheres gostariam de dar fim "àqueles dias". "Em tese, todas podem ficar sem menstruar", afirma Tathiana Parmigiano. O ginecologista Elsimar Coutinho, de Salvador, defensor da interrupção da menstruação desde os anos 1960 e autor do livro Menstruação: Sangria Inútil, continua afirmando: "A mulher pode e deve parar de menstruar. Ela ganha mais disposição e não desenvolve anemia e doenças esterilizantes, como infecções pélvicas e endometriose". A relação entre a menstruação e a endometriose, inflamação do endométrio, doença que afeta milhares de brasileiras, é direta: durante o ciclo menstrual, parte do fluxo sanguíneo é drenado das trompas para o interior do abdômen, causando a inflamação.

"Nossas avós menstruavam cerca de 40 a 50 vezes na vida, pois engravidavam cedo e tinham muitos filhos. Hoje, a mulher menstrua em média 350 vezes e está sujeita a algumas doenças relacionadas ao excesso de hormônio estrogênico típico do ciclo feminino: endometriose e miomas, por exemplo. Ao suprimir a menstruação, ela, em tese, ficaria mais protegida e não sofreria tanto incômodo com o número excessivo de mensturação", reforça a ginecologista Silvia Morandi El Faro, de São Paulo.