Chamada de síndrome de couvage ou, simplesmente, de “síndrome do homem grávido”, esse inusitado conjunto de manifestações orgânicas ocorre quando o progenitor deseja muito a chegada do filho e acaba tendo seus anseios psicológicos refletidos no corpo. Por isso, nestes casos, os costumeiros sinais físicos e hormonais da gravidez passam a aparecer gradativamente nos integrantes do sexo masculino, causando desconforto e um inevitável estranhamento.
Para os mais descrentes, vale a pena saber que essa alteração, além de ser bastante comum, já foi até comprovada cientificamente pelo psiquiatra britânico Trethowan, em 1960. “Descobriu-se, também, que esse quadro não aparece em todos os futuros pais, mas sim naqueles que são psicologicamente mais sensíveis ou que se sentem inseguros quanto à paternidade”, explica Mário Martinez, chefe da equipe de ginecologia e obstetrícia do Hospital e Maternidade São Luiz, da unidade Itaim, em São Paulo.
Apesar de não ser tão conhecida e comentada por aqui, a síndrome está cada vez mais presente no time dos papais de primeira viagem, principalmente pelas mudanças vivenciadas pela sociedade, na qual muitos homens exercem funções que, antigamente, eram atribuídas somente às mulheres, como trocar a fralda do bebê, dar-lhe a mamadeira e, com o passar do tempo, levá-lo à creche ou à escolinha.
“Os estudos sobre esse assunto dizem que é um fenômeno encontrado em sociedades capitalistas, onde os homens têm sido estimulados a participar cada vez mais da fase gestacional”, afirma Miriam Barros, psicóloga clínica e psicodramatista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “O fato de eles vivenciarem de perto os sentimentos e indícios da gravidez gera reações físicas e hormonais, parecidas com as das mulheres”, acrescenta a especialista.
Driblando o mal-estar
Pesquisadores canadenses da área da endocrinologia e do comportamento paterno constataram, após dois estudos realizados com seres humanos, que no estágio final da gravidez da mulher (a partir do sexto mês), o corpo masculino sofre da diminuição da testosterona, o que reforça ainda mais a comprovação científica dos sinais típicos da gravidez no organismo masculino.
A boa notícia é que os sintomas dessa alteração, assim como em todos os outros casos de gravidez, são passageiros e tendem a desaparecer assim que o novo rebento nasce e seu progenitor começa, enfim, a exercitar sua importante função. Em geral, os problemas enfrentados pelo futuro papai não pedem o uso de medicamentos, embora haja casos nos quais o mais sensato é ingerir as mesmas formulações que são receitadas inicialmente às mulheres grávidas.
“Para cada tido de desconforto que o homem possa vir a sofrer, há uma medicação específica. Se o mal-estar for forte, o médico provavelmente receitará antieméticos e analgésicos. Por isso, a orientação médica é sempre fundamental”, afirma Karina Zulli, ginecologista e obstetra da unidade do Itaim do Hospital São Luiz.
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