Os exames não indicam nenhuma causa orgânica, mas os sintomas estão lá. E por mais que o médico tente combatê-los, eles retornam, principalmente em situações de tensão. Sim, emoções como estresse, tristeza, decepção efrustração podem se converter em enxaquecas, gastrite,doenças de pele e em casos mais grave até mesmo servir de gatilho para doenças autoimunes. É o que os médicoschamam de somatização.
O estresse é considerado o principal causador das doenças emocionais. Uma situação de tensão ou risco produz no organismo uma série de reações. O corpo libera adrenalina, aumenta a glicose e concentra energia nos músculos e órgãos vitais, como cérebro e coração. A respiração se acelera para oxigenar os pulmões, a frequência cardíaca aumenta, a pupila dilata. Tudo isso para que possamos reagir rapidamente.
Embora seja um processo natural, a defesa constante do organismo pode ocasionar problemas. Isso significa que as angústias produzidas diariamente pelo fim do prazo para entregar um trabalho, os problemas de relacionamento em casa ou o trânsito que não flui acabam tendo impacto na saúde.
Com a estimulação constante para o enfrentamento, o corpo produz grandes quantidades decortisol, que circula no sistema nervoso e afeta o sistema imunológico.
O cortisol, hormônio produzido pela glândula supra-renal, é capaz de destruir células de defesa do organismo e com isso deixar as pessoas mais propensas a doenças e infecções.
Cada pessoa tem um ponto fraco, o que chamamos de órgão alvo. Para alguns, o estresse emocional ataca o sistema gástrico, e por isso ao sofrer uma situação de tensão a pessoa acaba tendo diarreia ou dor de estômago.
Outras pessoas apresentam dor de cabeça, mas essa dor não tem origem neurológica, é puramente tensional. Há casos até em que a pessoa desenvolve dificuldade para respirar que pode chegar a asma”, ex plica o psiquiatra Eduardo Aratangy, do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Nesses casos, mais do que tratar o sintoma, é preciso buscar a causa. “Muitas vezes os exames desses pacientes não acusam nada de errado, por isso é importante que a equipe médica trabalhe unida, o clínico tem que saber quando encaminhar esse paciente para terapia”, diz a psicóloga clínica Marcia Regina dos Santos.
Ela ressalta, entretanto, que assim como a somatização é um processo lento, seu tratamento também é. “A terapia vai trabalhar o comportamento da pessoa e por isso exige dedicação”, afirma.
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