Eu bem que quis escrever sobre outro assunto. Quis variar um pouco, afinal, como hoje é um retorno, um recomeço do contato com os tão caros amigos ouvintes do Seresta, seria bom vir com algo inédito, algo que, como de tantas vezes, pudesse atender a pretensão de tocar o coração dos que nos ouvem.
Confesso que não consegui. Não consegui, pois desde as primeiras horas da manhã um sabiá laranjeira, com seu canto dolente, insiste em me encantar, com sua sinfonia bela e melancólica.
A primavera chegou na madrugada do ultimo dia 23. Chegou, é verdade, mas continuamos tendo dias e noites de muito calor, muita sequidão e umidade com níveis de deserto do Atacama.
Fim de tarde de uma sexta-feira quente e abafada. Além do canto do sabiá, percebo que as cigarras estão começam a entoar insistente e harmônica sinfonia. Antes do canto das cigarras, embalado pela alegria do sabiá laranjeira, pude observar nas flores da goiabeira e dos cajueiros um sem numero de insetos, abelhas, pequenos besouros, todos em seu natural trabalho de polinizar e dar a seqüência à vida, para que logo venham frutos.
O canto das cigarras e o mormaço trazem uma certeza: a primavera trará em breve a irmã chuva. Chuva! Que saudades, irmã chuva.
Hora de saber se aquelas pequenas goteiras da casa que haviam sido consertadas voltaram, e matar a saudade da água escorrendo no terreiro, contrastando com a luz dos postes, de sentir na face o leve e carinhoso respingo da chuva, nos beirais da varanda.
A primeira chuva lava e limpa telhados, retira a fuligem e poeira das folhas das árvores, traz o cheiro característico de terra molhada que, segundo os antigos, se ficar muito próximo, acaba contraindo gripe. Não desfaço da sabedoria dos antigos, mas gosto de sentir o cheiro de terra se molhando, logo nos primeiros pingos.
Depois, já no outro dia, vem a alegria de andar e sentir ao pisar na terra molhada. Parece que o ir e vir dos pássaros se acentua. Harmonia da natureza. O orvalho da manhã indica que logo a vida voltará onde apenas existe terra seca. Fertilidade.
O canto das cigarras traz o encanto da volta das chuvas, da expectativa de fartura, da renovação da vida.
Ousaria comparar a volta das chuvas, o canto do sabiá e das cigarras com a volta desse programa ao vivo das sextas-feiras. Assim com faz falta a chuva, como faz falta a alegria da natureza se renovando com o verde dos campos e da arvores, também fez muita falta esse nosso encontro semanal.
Bom ouvir o sabiá saudando a primavera, bom rever o canto alegre das cigarras, assim como é muito bom reencontrar os amigos que sempre estiveram e sempre estarão em nossos corações. A primavera, com o canto das cigarras e dos sabiás, com as flores que em breve serão frutos, fez com que esse reencontro se tornasse melhor ainda. Bem vinda, primavera.
Goiânia, 30 de setembro de 2011
Paulo Jose Américo Rolim
Confesso que não consegui. Não consegui, pois desde as primeiras horas da manhã um sabiá laranjeira, com seu canto dolente, insiste em me encantar, com sua sinfonia bela e melancólica.
A primavera chegou na madrugada do ultimo dia 23. Chegou, é verdade, mas continuamos tendo dias e noites de muito calor, muita sequidão e umidade com níveis de deserto do Atacama.
Fim de tarde de uma sexta-feira quente e abafada. Além do canto do sabiá, percebo que as cigarras estão começam a entoar insistente e harmônica sinfonia. Antes do canto das cigarras, embalado pela alegria do sabiá laranjeira, pude observar nas flores da goiabeira e dos cajueiros um sem numero de insetos, abelhas, pequenos besouros, todos em seu natural trabalho de polinizar e dar a seqüência à vida, para que logo venham frutos.
O canto das cigarras e o mormaço trazem uma certeza: a primavera trará em breve a irmã chuva. Chuva! Que saudades, irmã chuva.
Hora de saber se aquelas pequenas goteiras da casa que haviam sido consertadas voltaram, e matar a saudade da água escorrendo no terreiro, contrastando com a luz dos postes, de sentir na face o leve e carinhoso respingo da chuva, nos beirais da varanda.
A primeira chuva lava e limpa telhados, retira a fuligem e poeira das folhas das árvores, traz o cheiro característico de terra molhada que, segundo os antigos, se ficar muito próximo, acaba contraindo gripe. Não desfaço da sabedoria dos antigos, mas gosto de sentir o cheiro de terra se molhando, logo nos primeiros pingos.
Depois, já no outro dia, vem a alegria de andar e sentir ao pisar na terra molhada. Parece que o ir e vir dos pássaros se acentua. Harmonia da natureza. O orvalho da manhã indica que logo a vida voltará onde apenas existe terra seca. Fertilidade.
O canto das cigarras traz o encanto da volta das chuvas, da expectativa de fartura, da renovação da vida.
Ousaria comparar a volta das chuvas, o canto do sabiá e das cigarras com a volta desse programa ao vivo das sextas-feiras. Assim com faz falta a chuva, como faz falta a alegria da natureza se renovando com o verde dos campos e da arvores, também fez muita falta esse nosso encontro semanal.
Bom ouvir o sabiá saudando a primavera, bom rever o canto alegre das cigarras, assim como é muito bom reencontrar os amigos que sempre estiveram e sempre estarão em nossos corações. A primavera, com o canto das cigarras e dos sabiás, com as flores que em breve serão frutos, fez com que esse reencontro se tornasse melhor ainda. Bem vinda, primavera.
Goiânia, 30 de setembro de 2011
Paulo Jose Américo Rolim
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