Em "O peso do pássaro morto", acompanhamos uma mulher que, dos 8 aos 52 tenta, com todas as forças, não coincidir apenas com a dor de que é feita. Um livro denso e leve, violento e poético, "simultaneamente claridade de vidro e ponta aguda de faca", diz- -nos a orelha de Micheliny Verunschk. Afiado, O peso é feito de palavras e do vazio que elas desenham na página. No silêncio, no corte, o livro comprova que a dor e a poesia estão nos detalhes. Não poderia ser de outro jeito um livro que nasce com a morte de um canário, nas mãos, "minha mãe pediu pra cortar a unha dele. E ele morreu, de susto", conta Aline. A morte vive em cada palavra d'O peso, onde vive também Aline, paulistana de 1987, formada em Letras e em Artes Cênicas, editora e colunista do site cultural Oitava Arte. O peso do pássaro morto e ela se tocam, sobretudo, em um jeito de ver o mundo, "sem querer entender tanto". Em dias tão pouco propensos ao feminino, o romance de Aline Bei dá corpo a uma coleção de dores sobre a força e a solidão de ser mulher, hoje.
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