Imagine um guarda-roupa, você vai sair pra uma festa e tem que escolher um roupa que combine com o ambiente, com as pessoas, com os grupos de ideias convergentes com a sua, isso tudo nos parece muito complexo, claro, afinal, as relações sociais são assim. Não é apenas escolher uma roupa, a escolha da roupa tem que ser perfeita! As pessoas não entram em temas específicos quando sua roupa é pertinente ao que se quer aparentar, a aparência é a identidade rasa e fácil. O difícil é o time da identidade que se vai usar, não adianta um mendigo com um terno comendo e falando como um mendigo. A propósito, como é mesmo falar e comer como um mendigo? Ora, não importa, isso tudo se aprende nos comerciais e no horário eleitoral, também não importa quem você é, o mundo mudou faz tempo e as identidades são rótulos, como uma peça de roupa ajustada a determinado evento ou a determinada classe social, podemos participar do movimento beat sem deixarmos de ser consumidores inveterados, comunista então, essa identidade está muito na moda, assim como os filósofos do facebook, revoltados em suas frenéticas janelas de inconformismo. Ah, sintam o cheiro, vivemos o relativismo, o plurisubjetivismo e um monte de conceitos que transam e se transformam numa suruba existencial de um jeito grandioso, temos que ser muitos em um só, caso contrário nada nos resta senão assistir a nossa caretice e os discursos televisivos nos quais Marx aparece num quadro bem recuado, como fundo de parede de um gabinete de esquerda, sobreposto por um senador gordo com um terno de linho e sapatos mocassim.
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