“Nós não vemos as coisas como elas são, nós as vemos como nós somos.” (Anaïs Nin)
Um dia a Sra. Smith estava sentada na ante-sala do consultório médico quando um garotinho e sua mãe entraram. O menino chamou a atenção da Sra. Smith porque usava um tapa-olho. Ela ficou maravilhada pelo fato de ele não parecer ter sido afetado pela perda de um olho e o observou enquanto acompanhava a mãe até uma cadeira próxima.
O consultório estava muito cheio naquele dia, de modo que a Sra. Smith pôde conversar com a mãe do menino enquanto ele brincava com seus soldadinhos. No começo, ficou sentado calmamente, brincando com os soldadinhos no braço da cadeira. Depois, sentou-se tranqüilamente no chão, olhando para cima, para sua mãe.
Finalmente, a Sra. Smith teve a oportunidade de perguntar ao menino o que havia acontecido com seu olho. Ele analisou a pergunta durante um longo instante e, em seguida, respondeu, levantando o tapa-olho:
- Não há nada errado com meu olho. Sou um pirata! E voltou para sua brincadeira.
A Sra. Smith estava ali porque havia perdido a perna, do joelho para baixo, em um acidente de carro. Sua consulta naquele dia era para determinar se o joelho já cicatrizara o suficiente para ser encaixado numa prótese. A perda fora devastadora para ela. Mesmo tentando ao máximo ser corajosa, sentia-se uma inválida.
Intelectualmente sabia que a perda não deveria interferir com sua vida, mas, emocionalmente, não conseguia superar esse obstáculo. O médico sugerira visualização e ela experimentara, mas não fora capaz de visualizar uma imagem emocionalmente aceitável e duradoura. Em sua cabeça via-se como uma inválida.
A palavra "pirata" mudou sua vida. Foi instantaneamente transportada. Viu-se vestida como Long John Silver, de pé no convés de um navio pirata. Estava parada, com as pernas abertas, sendo que uma perna era de pau. As mãos seguravam os quadris, a cabeça estava levantada, os ombros para trás e ela sorria no meio da tempestade.
Ventos com a força de um furacão chicoteavam o casaco e o cabelo. A espuma gelada era soprada por cima da balaustrada do convés e grandes ondas se quebravam contra o navio. O barco balançava e gemia sob a força da tempestade. Ainda assim ela se mantinha firme, orgulhosa, impávida.
Naquele momento, a imagem de inválida foi substituída e sua coragem voltou.
Olhou para o garotinho, ocupado com seus soldados.
Alguns minutos depois, a enfermeira a chamou. E, quando se balançou nas muletas, o garotinho percebeu sua amputação.
- Ei, moça - chamou-a. - O que há de errado com a sua perna?
A mãe do menino ficou petrificada.
A Sra. Smith olhou durante um instante para a perna diminuída. E respondeu com um sorriso:
- Nada. Também sou pirata.
(Marjorie Wally)
Um dia a Sra. Smith estava sentada na ante-sala do consultório médico quando um garotinho e sua mãe entraram. O menino chamou a atenção da Sra. Smith porque usava um tapa-olho. Ela ficou maravilhada pelo fato de ele não parecer ter sido afetado pela perda de um olho e o observou enquanto acompanhava a mãe até uma cadeira próxima.
O consultório estava muito cheio naquele dia, de modo que a Sra. Smith pôde conversar com a mãe do menino enquanto ele brincava com seus soldadinhos. No começo, ficou sentado calmamente, brincando com os soldadinhos no braço da cadeira. Depois, sentou-se tranqüilamente no chão, olhando para cima, para sua mãe.
Finalmente, a Sra. Smith teve a oportunidade de perguntar ao menino o que havia acontecido com seu olho. Ele analisou a pergunta durante um longo instante e, em seguida, respondeu, levantando o tapa-olho:
- Não há nada errado com meu olho. Sou um pirata! E voltou para sua brincadeira.
A Sra. Smith estava ali porque havia perdido a perna, do joelho para baixo, em um acidente de carro. Sua consulta naquele dia era para determinar se o joelho já cicatrizara o suficiente para ser encaixado numa prótese. A perda fora devastadora para ela. Mesmo tentando ao máximo ser corajosa, sentia-se uma inválida.
Intelectualmente sabia que a perda não deveria interferir com sua vida, mas, emocionalmente, não conseguia superar esse obstáculo. O médico sugerira visualização e ela experimentara, mas não fora capaz de visualizar uma imagem emocionalmente aceitável e duradoura. Em sua cabeça via-se como uma inválida.
A palavra "pirata" mudou sua vida. Foi instantaneamente transportada. Viu-se vestida como Long John Silver, de pé no convés de um navio pirata. Estava parada, com as pernas abertas, sendo que uma perna era de pau. As mãos seguravam os quadris, a cabeça estava levantada, os ombros para trás e ela sorria no meio da tempestade.
Ventos com a força de um furacão chicoteavam o casaco e o cabelo. A espuma gelada era soprada por cima da balaustrada do convés e grandes ondas se quebravam contra o navio. O barco balançava e gemia sob a força da tempestade. Ainda assim ela se mantinha firme, orgulhosa, impávida.
Naquele momento, a imagem de inválida foi substituída e sua coragem voltou.
Olhou para o garotinho, ocupado com seus soldados.
Alguns minutos depois, a enfermeira a chamou. E, quando se balançou nas muletas, o garotinho percebeu sua amputação.
- Ei, moça - chamou-a. - O que há de errado com a sua perna?
A mãe do menino ficou petrificada.
A Sra. Smith olhou durante um instante para a perna diminuída. E respondeu com um sorriso:
- Nada. Também sou pirata.
(Marjorie Wally)
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